Ontem [4/11],
no jantar, o assunto foi animado lá em casa (e por isso, também, é bom que as
famílias tenham suas refeições com todos à mesa e com a TV e outros
equipamentos desligados). Minha filha mais nova disse estar se sentindo meio “isolada”
na escola – isso que ela tem apenas oito anos e estuda num colégio adventista.
Disse-nos que algumas amiguinhas já falam em “ficar” (seja lá o que isso
signifique para crianças nessa idade) e assistem a novelas e quase a qualquer
tipo de filmes (por isso não estranho o comportamento dessas crianças). A mais
velha também nos contou que recebeu convite para ir ao cinema com algumas
amigas. Graças a Deus, elas têm força moral para dizer não a diversões que não
são recomendadas para pessoas que estão se preparando para uma vida mais
elevada e que não será contada em anos. Minha esposa e eu oramos todos os dias
para que nossos filhos sejam capazes de equilibrar na balança da vida as
amizades, a sociabilidade e a firmeza na prática dos princípios que procuramos
ensinar para eles. Queremos que eles saibam que não os estamos criando para
este mundo, e que os passatempos, as leituras, os filmes, os desenhos animados,
as músicas somente devem ser consumidos se puderem edificar, de alguma forma,
sempre sob o controle de qualidade de Filipenses 4:8. Com uma vida tão curta e
que passa tão depressa, não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar um minuto
sequer (e é essa a lição do Salmo 90, estudado exatamente hoje pelos que estão
participando do projeto Reavivados por Sua Palavra).
Lá
em casa, praticamente assistimos apenas à TV Novo Tempo (essa eu recomendo), e
pelo fato de a TV permanecer desligada boa parte do tempo e minhas filhas terem
restrições à internet, elas conseguem ler vários livros bem selecionados. Já
leram muitos da Casa Publicadora Brasileira (que também recomendo sem
pestanejar) e até clássicos como O
Peregrino e A Peregrina. Isso me
deixa muito feliz, pois sei que essas leituras vão marcá-las positivamente por
toda a vida. Filmes e novelas também deixam marcas, mas essas não combinam com
quem procura uma vida melhor e almeja o Céu. Na verdade, apenas atrapalham,
secularizam, insensibilizam.
Expliquei
para minhas meninas que “ficar” é uma forma de desvalorizar as pessoas e de
banalizar algo que deveria na hora certa ser uma bênção e um momento especial na vida: o
namoro. Disse-lhes que esses meninos que veem as meninas como objeto, no
futuro, geralmente procuram outro tipo de menina para um relacionamento mais
sério. Disse-lhes que elas merecem outro tipo de garoto: que dê valor aos
sentimentos, ao respeito e ao cavalheirismo (ano passado até tive um jantar
especial com a mais velha, a fim de demonstrar como um cavalheiro deve se
comportar diante de uma dama, e, ao chegar em casa, dei-lhe um cartãozinho e
disse: “Quando você encontrar um moço que a trate desse jeito, isso será um bom
indicativo.”). (Um ótimo livro para pais de meninas é o Educando Meninas, de James Dobson. Você precisa ler.)
Quanto
ao cinema, disse-lhes que nossa igreja não recomenda a frequência a esse tipo
de ambiente por vários motivos, entre os quais, a forte carga de estímulos a
que eles nos submetem e a quase total cessação dos pensamentos conscientes/críticos
(conforme mostro nesta palestra: http://goo.gl/onwEwr).
Lembrei-lhes que já passamos pela experiência de alugar um filme aparentemente
bom e tivemos que interrompê-lo e devolvê-lo sem assistir, porque continha
conceitos contrários aos nossos valores. Seria possível fazer isso no cinema? Filmes
na telona (assim como música fortemente ritmada e comida condimentada) geram
estímulos difíceis de ser igualados pelas “experiências normais”, e a pessoa
que se submete a essas “descargas sensoriais” vai querer mais disso depois.
Instala-se o vício dopamínico. Se na TV um filme pode ser nocivo (daí a
importância de escolher bem), na telona o malefício é exponencialmente pior.
Ok,
sei que meu discurso aí acima pode parecer um tanto obsoleto para a cultura
pós-moderna, mas não sou obrigado a aderir a modismos comportamentais (alguns
dos quais se verificam nocivos depois; confira: http://goo.gl/HNraV1).
Prefiro ficar com a sabedoria milenar e inspirada que está contida nas páginas
da Bíblia. Além disso, já vivi no “outro lado”, antes de entregar minha vida
completamente a Jesus. Já vi muitos filmes cujas imagens daria tudo para não
estar guardadas em minha mente; já perdi muito tempo lendo bobagens; já fiquei
inebriado diante da tela do cinema e tendo dificuldades, depois, para abandonar
o vício; já ouvi músicas que mexeram com minhas emoções de um modo que eu
gostaria de ter evitado, se soubesse o que sei hoje. Depois que conheci um
“caminho melhor”, tudo mudou. O prazer passou a vir de coisas simples como um
jantar ou um passeio em família em meio à natureza. A felicidade passou a não
depender de situações, substâncias, momentos, festas, coisas e/ou pessoas. Ela
vem de dentro. Vem do alto. E é esse caminho melhor que quero apresentar para
os meus filhos. Sou pai. Tenho uma missão. E não vou me esquivar dela.
“Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o
mundo, o amor do Pai não está nele” (Jo 2:15).
Michelson Borges