terça-feira, 5 de novembro de 2013

Não estou criando meus filhos para este mundo

Ontem [4/11], no jantar, o assunto foi animado lá em casa (e por isso, também, é bom que as famílias tenham suas refeições com todos à mesa e com a TV e outros equipamentos desligados). Minha filha mais nova disse estar se sentindo meio “isolada” na escola – isso que ela tem apenas oito anos e estuda num colégio adventista. Disse-nos que algumas amiguinhas já falam em “ficar” (seja lá o que isso signifique para crianças nessa idade) e assistem a novelas e quase a qualquer tipo de filmes (por isso não estranho o comportamento dessas crianças). A mais velha também nos contou que recebeu convite para ir ao cinema com algumas amigas. Graças a Deus, elas têm força moral para dizer não a diversões que não são recomendadas para pessoas que estão se preparando para uma vida mais elevada e que não será contada em anos. Minha esposa e eu oramos todos os dias para que nossos filhos sejam capazes de equilibrar na balança da vida as amizades, a sociabilidade e a firmeza na prática dos princípios que procuramos ensinar para eles. Queremos que eles saibam que não os estamos criando para este mundo, e que os passatempos, as leituras, os filmes, os desenhos animados, as músicas somente devem ser consumidos se puderem edificar, de alguma forma, sempre sob o controle de qualidade de Filipenses 4:8. Com uma vida tão curta e que passa tão depressa, não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar um minuto sequer (e é essa a lição do Salmo 90, estudado exatamente hoje pelos que estão participando do projeto Reavivados por Sua Palavra).

Lá em casa, praticamente assistimos apenas à TV Novo Tempo (essa eu recomendo), e pelo fato de a TV permanecer desligada boa parte do tempo e minhas filhas terem restrições à internet, elas conseguem ler vários livros bem selecionados. Já leram muitos da Casa Publicadora Brasileira (que também recomendo sem pestanejar) e até clássicos como O Peregrino e A Peregrina. Isso me deixa muito feliz, pois sei que essas leituras vão marcá-las positivamente por toda a vida. Filmes e novelas também deixam marcas, mas essas não combinam com quem procura uma vida melhor e almeja o Céu. Na verdade, apenas atrapalham, secularizam, insensibilizam.

Expliquei para minhas meninas que “ficar” é uma forma de desvalorizar as pessoas e de banalizar algo que deveria na hora certa ser uma bênção e um momento especial na vida: o namoro. Disse-lhes que esses meninos que veem as meninas como objeto, no futuro, geralmente procuram outro tipo de menina para um relacionamento mais sério. Disse-lhes que elas merecem outro tipo de garoto: que dê valor aos sentimentos, ao respeito e ao cavalheirismo (ano passado até tive um jantar especial com a mais velha, a fim de demonstrar como um cavalheiro deve se comportar diante de uma dama, e, ao chegar em casa, dei-lhe um cartãozinho e disse: “Quando você encontrar um moço que a trate desse jeito, isso será um bom indicativo.”). (Um ótimo livro para pais de meninas é o Educando Meninas, de James Dobson. Você precisa ler.)

Quanto ao cinema, disse-lhes que nossa igreja não recomenda a frequência a esse tipo de ambiente por vários motivos, entre os quais, a forte carga de estímulos a que eles nos submetem e a quase total cessação dos pensamentos conscientes/críticos (conforme mostro nesta palestra: http://goo.gl/onwEwr). Lembrei-lhes que já passamos pela experiência de alugar um filme aparentemente bom e tivemos que interrompê-lo e devolvê-lo sem assistir, porque continha conceitos contrários aos nossos valores. Seria possível fazer isso no cinema? Filmes na telona (assim como música fortemente ritmada e comida condimentada) geram estímulos difíceis de ser igualados pelas “experiências normais”, e a pessoa que se submete a essas “descargas sensoriais” vai querer mais disso depois. Instala-se o vício dopamínico. Se na TV um filme pode ser nocivo (daí a importância de escolher bem), na telona o malefício é exponencialmente pior.

Ok, sei que meu discurso aí acima pode parecer um tanto obsoleto para a cultura pós-moderna, mas não sou obrigado a aderir a modismos comportamentais (alguns dos quais se verificam nocivos depois; confira: http://goo.gl/HNraV1). Prefiro ficar com a sabedoria milenar e inspirada que está contida nas páginas da Bíblia. Além disso, já vivi no “outro lado”, antes de entregar minha vida completamente a Jesus. Já vi muitos filmes cujas imagens daria tudo para não estar guardadas em minha mente; já perdi muito tempo lendo bobagens; já fiquei inebriado diante da tela do cinema e tendo dificuldades, depois, para abandonar o vício; já ouvi músicas que mexeram com minhas emoções de um modo que eu gostaria de ter evitado, se soubesse o que sei hoje. Depois que conheci um “caminho melhor”, tudo mudou. O prazer passou a vir de coisas simples como um jantar ou um passeio em família em meio à natureza. A felicidade passou a não depender de situações, substâncias, momentos, festas, coisas e/ou pessoas. Ela vem de dentro. Vem do alto. E é esse caminho melhor que quero apresentar para os meus filhos. Sou pai. Tenho uma missão. E não vou me esquivar dela.

Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (Jo 2:15).

Michelson Borges

Comentário da psicóloga adventista e neurocientista da USP Rosana Alves: “Meus irmãos e eu fomos educados assim pelos nossos pais e foi o melhor presente que poderiam ter nos dado. Substituir as horas em frente à TV pela leitura de bons livros, namorar somente após certa idade (acima dos 17 anos e com varias restrições), dormir cedo, alimentação saudável, ajuda nas tarefas domésticas, etc., fizeram de nós pessoas de bem. Resumo dizendo: as restrições do passado outorgaram-nos um presente livre de sequelas e arrependimentos. Valeu a pena! As pessoas já sabem que consegui alcançar êxito profissional (contei no programa Consultório de Família, da Novo Tempo), mas a história mais incrível ocorreu com minha irmã Rosângela Rodrigues Morais, que também sempre estudou em escola pública, não frequentou as aulas do 3º ano do Ensino Médio (devido a um trauma cervical decorrente de um acidente automobilístico) e prestou o vestibular porque o médico permitiu que ela deixasse o hospital para realizar as provas. Resultado? Passou no vestibular da Universidade Estadual Paulista na primeira chamada. A dedicação ao trabalho de Deus, obediência aos pais, dedicação aos estudos e a constante leitura de bons livros se mostraram mais uma vez ser o segredo do sucesso. Pense nisso.”