As
práticas sociais e as crenças culturais modernas impedem o desenvolvimento
mental e emocional das crianças, segundo um conjunto de pesquisas
interdisciplinares divulgado [na] segunda-feira (7) pela Universidade Notre
Dame em Indiana, nos Estados Unidos. “O estilo de vida dos jovens nos Estados
Unidos segue piorando, especialmente se comparado com o de cinquenta anos atrás”,
indicou em um simpósio Darcia Narváez, professora de psicologia especializada
no desenvolvimento moral das crianças e na forma como as experiências podem
influenciar no desenvolvimento do cérebro. “Algumas práticas e crenças equivocadas
tornaram-se comuns de nossa cultura como, por exemplo, o uso de ‘fórmulas’
infantis para a alimentação dos bebês, o isolamento das crianças em seus
próprios dormitórios, ou a crença em que, se responder rápido às queixas do
bebê, ele fica mal acostumado”, disse Narváez.
A
nova pesquisa vincula certas práticas da criação precoces - que são comuns nas
sociedades de caçadores e coletores [sic] - com resultados emocionais saudáveis
e específicos na idade adulta. “A amamentação dos bebês, a resposta quando
choram, o contato físico quase constante e o que vários adultos que se ocupam
da criação fazem são algumas das práticas de criação ancestrais que
demonstraram impacto positivo no desenvolvimento do cérebro, que não molda
somente a personalidade, mas ajuda, além disso, na saúde física e no
desenvolvimento moral”, disse Narváez.
Os
estudos, acrescentou, mostram que a resposta às necessidades da criança, sem
deixar que ela “se canse de chorar”, influencia no desenvolvimento da
consciência, e que o contato físico positivo afeta a reação ao estresse, o
controle dos impulsos e a empatia. Do mesmo modo, segundo a investigadora, a
brincadeira livre em um ambiente natural influencia nas capacidades sociais e
como lida com agressões, e quando há um grupo de pessoas que oferecem cuidado,
além da mãe, melhora o quociente intelectual.
Narváez
afirmou que os Estados Unidos foram no sentido contrário em todos esses
aspectos de cuidados infantis. Em lugar de estar brincando, as crianças
permanecem mais tempo em seus carrinhos, assentos para o automóvel e outros
aparatos. Apenas 15% das mães amamentam seus bebês e as que o fazem não vão
além de 12 meses; as famílias estão fragmentadas e diminuiu o tempo de
brincadeiras dos pais e mães com seus filhos.
Narváez
afirmou que outros membros das famílias e os professores podem ter um impacto
benéfico quando a criança se sente segura em sua presença. “O hemisfério
direito do cérebro, que governa grande parte das autorregulações, a
criatividade e a empatia, pode crescer ao longo de toda a vida”, acrescentou. “Esse
hemisfério cresce com experiências que envolvem todo o corpo, como os jogos de ‘luta’,
a dança e a criação artística livre”, explicou.
(BOL Notícias)
(BOL Notícias)