Os
habitantes do mundo rico deveriam tornar-se “semitarianos” – ou seja, comerem a
metade da quantidade de carne à qual estão acostumados, sem precisarem abrir
mão totalmente dela –, para evitar causar danos graves ao meio ambiente. A
recomendação é de cientistas que apresentaram o quadro mais claro até agora de
como as práticas agropecuaristas estão destruindo o mundo natural. Os
cientistas disseram que o escândalo da carne de cavalo trouxe à tona o lado sombrio de nosso
desejo por carne, que alimentou um comércio de animais de corte não
documentados e refeições prontas de preço baixo e rótulos enganosos. “Existe
risco para a cadeia alimentar”, comentou o professor Mark Sutton, que cunhou o
termo “semitariano” e é o autor principal de um estudo da Pnuma (Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente) publicado na segunda-feira (18). “Agora é
um bom momento para conversar com as pessoas sobre esse assunto.”
A
busca por carne cada vez mais barata nas últimas décadas - a maioria das
pessoas, mesmo nos países ricos, consumia significativamente menos carne uma ou
duas gerações atrás - gerou uma expansão maciça da pecuária intensiva. Com
isso, quantidades imensas de grãos foram desviadas do consumo humano para o
consumo animal, exigindo o uso intensivo de fertilizantes, pesticidas e
herbicidas e, de acordo com o relatório da Unep, “provocando uma teia de
poluição do ar e da água que está prejudicando a saúde humana”.
Os
resíduos que escoam desses produtos químicos estão criando zonas mortas nos
mares, levando ao crescimento de algas tóxicas e à mortandade de peixes,
enquanto outros ameaçam a sobrevivência de abelhas,
anfíbios e ecossistemas sensíveis. “A atenção atraída por esse escândalo da
carne destacou a questão da carne de baixa qualidade. Isso tudo mostra que a
sociedade precisa refletir muito mais sobre os animais de corte e as escolhas
alimentares, pelo bem do meio ambiente e da saúde”, disse Sutton.
A
resposta, segundo o cientista, está no consumo de mais vegetais e menos
proteína animal. “Coma carne, mas com menos frequência. Faça dela algo especial”,
ele aconselhou. “O tamanho das porções é crucial. Muitas porções são grandes
demais - são maiores do que as pessoas querem consumir. É preciso pensar em
mudar hábitos, em dizer ‘gosto do sabor, mas não preciso comer tanto’”.
Ao
encherem seus pratos com legumes e verduras, além de carne, as pessoas ficarão
mais bem nutridas. “A maioria das pessoas não percebe a diferença”, disse
Sutton, citando um evento recente da ONU em que o chef usou um terço da
quantidade habitual de carne, incluindo mais vegetais para compensar, e mais de
90% dos convidados ficaram igualmente satisfeitos. [...]
De
acordo com o relatório da Unep, intitulado “Nosso mundo nutricional: o desafio
de produzir mais alimentos e energia com menos poluição”, a produção de carne é
responsável por 80% do nitrogênio e fósforo usados na agropecuária. Esses
nutrientes são produzidos a um custo global muito alto, mas a maior parte acaba
desperdiçada no estrume dos animais. Em algumas regiões do mundo, os nutrientes
são escassos, resultando em plantações menos produtivas.
A
Unep avisou: “A não ser que sejam tomadas medidas, a elevação da poluição e o
aumento do consumo per capita de energia e produtos animais vão exacerbar as
perdas de nutrientes, os níveis de poluição e a degradação dos solos, ameaçando
mais ainda a qualidade de nossa água, nosso ar e nossos solos, afetando o clima
e a biodiversidade.”
O
estudo também propôs uma série de medidas com as quais seria possível tornar a
pecuária menos nociva ambientalmente, desde medidas simples como o
armazenamento mais seguro e o uso mais econômico dos fertilizantes até a
captura das emissões de gases estufa resultantes de sua produção. O consumo de
nitrogênio poderia ser reduzido em 20 milhões de toneladas até 2020, poupando
10 bilhões de libras por ano. A reutilização de resíduos, como estrume, e o
tratamento de esgotos com métodos modernos também poupariam centenas de bilhões
de dólares.
Nota:
Deixe a carne de lado e (1) tenha mais saúde, (2) contribua para a preservação
do meio ambiente e (3) poupe os animais de tanto sofrimento. A dieta
vegetariana é comprovadamente a melhor opção para a humanidade. Fazia parte do
projeto original de Deus (Gênesis 1:29) e continua fazendo parte das
recomendações inspiradas dEle para nós.[MB]
Leia também: "O preço da carne"