A sociedade atual anda em um ritmo frenético - informação instantânea, carros velozes, computadores rápidos e fast foods. Faz-se de tudo para se manter atualizado e acompanhar a velocidade do progresso. Muitas pessoas têm buscado energia extra ingerindo bebidas cafeinadas como o café, chás, bebidas de cola e energéticos.
No Brasil, o cafezinho ou pingado pela manhã não pode faltar para a maioria dos brasileiros. Outros já preferem os cafés mais requintados, como os da rede Starbucks, recém-chegada ao Brasil, e que conta com mais de 16 mil lojas pelo mundo. Mas, atenção, a cafeína tem mais efeitos negativos do que você imagina...
Uma pesquisa recente intitulada "Tendências do Consumo do Café no Brasil em 2008", feita pela TNS InterScience, mostrou que o consumo per capita no Brasil em 2008 foi de 5,64 kg de café em grão cru ou 4,51 kg de café torrado, quase 76 litros para cada brasileiro por ano, registrando uma evolução de 2% em relação ao período anterior. Essa pesquisa mostra que nove em cada dez brasileiros acima de 15 anos consomem café diariamente, o que o faz ser a segunda bebida com maior penetração na população, atrás apenas da água e à frente dos refrigerantes e do leite. A penetração do café foi de 97% em 2008, contra 91% em 2001. Os consumidores pesquisados em todo o Brasil também responderam que pretendem continuar a consumir a mesma quantidade de café em 2009. O segmento dos jovens de 15 a 29 anos também apresentou crescimento no consumo diário de café.
Esses dados são preocupantes. Uma xícara de 150 ml de café contém entre 60 e 150 mg de cafeína, enquanto que uma xícara de chá tem de 35 a 60 mg, dependendo da variedade usada, do método de preparação e da concentração. Os refrigerantes de cola tipicamente contêm 30-55 mg de cafeína por lata de 350 ml.
A cafeína é considerada uma droga psicoativa por estimular o sistema nervoso central e alterar o humor e o comportamento. Ela eleva os níveis de glicose do sangue dando a sensação de uma "onde de energia". Efeitos fisiológicos podem ser percebidos em adultos após a ingestão de apenas uma xícara de café ou duas latas de refrigerante a base de cola. Essa estimulação (high) é usualmente seguida de um período de depressão ou cansaço (down).
Efeitos adversos incluem: insônia e alteração do padrão de sono; tremores; nervosismo; inquietação; irritabilidade; dores de cabeça; elevação dos ácidos graxos sanguíneos; elevação da pressão arterial e dos níveis de colesterol; palpitações, aumento dos riscos de arritmias cardíacas e infarto; aumento da produção de ácido no estômago e agravamento de úlceras; azia; aumento dos sintomas da TPM; aumento do risco de câncer da bexiga e reto; para as gestantes, aumento do risco de nascimento de uma criança com baixo peso.
Além disso, o uso de café e chás cafeinados reduz a absorção do ferro nas refeições em 40 a 60%, aumentando o risco de anemia. Apesar de a cafeína melhorar a performance de tarefas simples que requerem atenção, ela prejudica as ações que requerem memória de curto prazo.
As crianças também estão entrando na onda. Pediatras estão preocupados porque um terço das crianças que consomem quantidades elevadas de cafeína manifesta comportamento hiperativo. O consumo de uma lata de refrigerante a base de cola por uma criança equivale ao consumo de quatro xícaras de café para um adulto.
Com tantas questões envolvendo a segurança do consumo da cafeína, o uso de chás cafeinados, café e bebidas de cola não deve ser encorajado. Crianças pequenas e mulheres grávidas devem especialmente evitar o consumo de bebidas cafeinadas.
No lugar das bebidas cafeinadas, escolha a água pura ou água com limão. Beba pelo menos oito copos por dia, longe das refeições. Os chás de ervas que não contêm cafeína podem ser usados, como por exemplo a camomila, capim-limão, erva doce, erva cidreira, maçã, etc. Faça exercícios físicos para aliviar o estresse. Nos primeiros dias de abstinência, você poderá sentir dores de cabeça, irritabilidade, ansiedade e cansaço. Mas não desanime, mantenha-se firme, pois esses sintomas desaparecem após dois ou três dias.
(Luiz Fernando Sella, Outra Leitura)